Título Original: TRON: The Legacy
Realizador: Joseph Kosinski
Data de Estreia: 13 de Janeiro de 2011 (Portugal)
Sam Flynn (Garret Hedlund - Eragon), um rebelde de 27 anos, é assombrado pelo misterioso desaparecimento do seu pai, Kevin Flynn (Jeff Bridges), o homem que ficou conhecido como líder mundial na criação de videojogos. Quando Sam investiga uma estranha mensagem enviada do antigo escritório de Flynn - uma mensagem que só poderia ter sido enviada pelo seu pai - ele é atirado para um mundo digital, o mesmo para onde Flynn foi arrastado há 20 anos. Com a ajuda de Quorra (Olivia Wilde – House MD), pai e filho vão embarcar numa derradeira jornada de vida ou morte através de um universo visualmente assombroso e colossal e um implacável vilão que vai fazer tudo para impedi-los de escapar.
28 anos após um filme que revolucionou a forma de fazer filmes e impulsionou a animação computorizada. Enquanto uma legião de fãs de TRON aguardou expectantemente por uma sequela que desse continuidade ao trabalho genial e revolucionário de Liesberger. A Disney trabalhava afincadamente para dar continuidade ao sonho, do então, jovem realizador, apresentando uma novela gráfica introdutória à sequela TRON: The Legacy e tudo isto envolto numa campanha publicitária galáctica. Uma questão se coloca: terá tudo valido a pena?
E a resposta de uma fã acérrima de TRON é sim... se bem que as altíssimas expectativas criadas em torno desta sequela, fazem dos espectadores desta sequela eternos insatisfeitos...
A escolha de se fazer uma sequela em vez do tão mais fácil remake, foi sem dúvida a mais acertada. O argumento de Edward Kitsis e Adam Horowitz, é antes de tudo um profunda homenagem ao trabalho original de Liesberger, tentando aprofundar um pouco mais as convulsões de um mundo digital que se pretende perfeito, imaculado e sem erros ou fórmulas inesperadas. Existem mesmo cenas recriadas linha a linha, nos cenários originais/recriados de 1982(Ver artigo), e que para os amantes de TRON são uma autêntica delícia... O único problema de um argumento tão interligado e enraizado na produção anterior é mesmo o risco de os novos fãs se perderem no mundo digital e não serem cativados pelo carisma de TRON - para isso ajuda a quase inexistência de versões do filme original disponíveis para aquisição, por aqueles que desejam revisitar ou mesmo conhecer a obra-prima que inspirou TRON: O Legado.
Um dos pontos menos bem conseguidos do filme foi mesmo a falta de carisma do protagonista Garret Hedlund, que apesar de uma prestação interessante não conseguiu cativar a audiência. Talvez pela incapacidade de transmitir qualquer sentimento ou de não construir qualquer ligação empática com o personagem, pois já em trabalhos anteriores este foi o ponto em que todas as críticas convergiram (p.e. Eragon). Mas o trabalho de Olivia Wilde (estreante nas longas metragens) e Jeff Bridges (é preciso mesmo dizer?) a dobrar, colmatam um pouco esta fraqueza de Hedlund. Olivia Wilde brilhou no papel do programa Quorra, mostrando o lado ingénuo, inocente e leal de um personagem desprovido de sentimentos humanos podendo apenas recorrer à lógica dos números e equações matemáticas.
Já Jeff Bridges teve uma prestação pouco homogénea, empenhando-se profundamente na criação do personagem virtual CLU, levando um pouco menos a sério o personagem que encarnara 28 anos antes. Mesmo assim, Jeff Bridges deu prova do porquê de ser considerado um dos poucos actores multifacetados, capaz de encarnar qualquer personagem (dos mais sérios aos mais cómicos), adaptar-se a qualquer tecnologia (seja ela velha ou revolucionariamente futurista) e mesmo assim fazer um trabalho interessante.
A aplicação/utilização da técnica 3D em TRON: O Legado foi francamente conservadora, ficando-se por efeitos de profundidade do campo de visão, nos Jogos da Arena e Corridas de Lightcycles. Se esta produção funcionava na velhinha 2D: até funcionava mas as cenas em que o 3D efectivamente é utilizado com todas as capacidades da tecnologia a funcionar em nome do entretenimento, não teriam o impacto que tiveram com o 3D (p.e. Os Jogos dentro do sistema e acima de tudo as corridas de lightcycles, que agora são disputadas em cenários multilayer com mudanças de gravidade). A minha sincera opinião é que uma tecnologia que tanto tem a oferecer às audiências está a ser banalizada e muitas vezes é utilizada para inflacionar resultados de bilheteira. Assim o público começa a tornar-se céptico e renitente em aderir a produções futuras... Um conselho: oferta de escolha quanto 3D e 2D, e limitar esta tecnologia para produções que realmente a utilizem...
Quanto à Banda Sonora, idealizada, composta e interpretada pelos die-hard fãs de TRON: Daft Punk (entrando mesmo no filme como DJ's no Bar “End of Line”). Nota-se claramente a paixão da dupla francesa pelo ambiente do filme. É também de salientar o facto de terem confirmado a sua colaboração ainda na fase de pré-produção, mesmo antes dos castings terem sido realizados. Quando ainda os personagens eram protótipos idealizados já tinham músicas compostas para cada um deles, ajudando depois no próprio trabalho de cada um dos actores.
Durante o filme, e principalmente durante as cenas finais, enquanto observava o deslizar dos créditos na tela, fiquei com a sensação que estávamos perante a introdução a uma qualquer coisa, espero que esteja enganada... A banalização de TRON seria como um crime quebrando todo o encanto do conceito e transformando tudo em mais uma série de sequelas medianas sem carisma e ensosas...
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