Título Original: Tron
Realizador: Steven Liesberger
País de Origem: EUA
Data Estreia: 16 Dezembro 1982 (Portugal)
O pirata informático Kevin Flynn (Jeff Bridges) está desesperado para provar que os videojogos que têm sido um sucesso da ENCOM, foram escritos e concebidos por ele. Esses jogos foram-lhe roubados por um colega de trabalho, Dillinger(David Warner), que é agora o Presidente Executivo dessa mesma companhia.
Os esforços de Flynn, de recuperar o seu trabalho, saiem sempre gorados devido à acção de um programa de vigilância megalomaníaco chamado “Master Control Program” (MCP).
Um dia Flynn é apanhado no mundo virtual pelo MCP, que corta todos os acessos remotos às informações que o pirata informático pretende, e a única forma de lhes aceder é piratear directamente o gigantesco servidor da ENCOM.
Com a ajuda de um laser experimental, o MCP transporta Kevin Flynn para o mundo virtual, para um mundo tirânico, em que jogos de vida e morte são disputados entre os programas “infectados” pelo “Master Control Program” e os poucos programas resistentes que ainda obedecem aos seus Utilizadores (Users)...
Flynn e o programa de segurança independente, Tron (Bruce Boxleitner), juntam forças e tentam acabar com a tirania do MCP e descobrir a prova que Dillinger é uma fraude...
Won't that be grand? All the computers and the programs will start thinking and the people will stop.
E porque estámos a menos de uma semana da estreia em Portugal, da tão esperada sequela “TRON: The Legacy”, revisitámos o filme original que originou um verdadeiro exército de seguidores e inspirou uma série de artistas(entre eles os Daft Punk, que compuseram e interpretaram toda a Banda Sonora da sequela) e empreendedores das novas tecnologias (entre eles John Lasseter, o Presidente da Pixar Studios).
Ao ver TRON, não nos podemos esquecer, que é claramente um produto do seu tempo, e que apesar de 28 anos volvidos desde a sua estreia, o filme ainda surpreende com os seus efeitos especiais e é estranhamente intemporal, e se algumas das suas cenas nos parecem estranhamente familiares, é porque muitos dos filmes de ficção-científica de sucesso dos últimos anos, foram beber alguma da sua inspiração às linhas de código de TRON. E que devido ao imenso atraso sofrido durante a pós-produção, TRON teve que competir nas salas de cinema com Total Recall, Star Wars e outros grandes filmes que hoje são lendas, por causa disso TRON passou quase despercebido e os lucros obtidos com eles foram modestos, tendo em conta o investimento de cerca de 20 milhões de dólares...
Um dos pontos menos positivos do filme, é claramente o argumento, que apesar de algumas ideias inovadoras, peca pela falta de integridade, pela falta de homogeneidade e pauta-se por vezes com a profunda confusão de qual será efectivamente o objectivo primordial de Flynn. Mas mesmo assim, não deixa de ser um argumento revolucionário, original e que levou a própria tecnologia de fazer filme a alargar fronteiras e horizontes.
Um dos pontos interessantes de TRON é vermos Jeff Bridges com menos 30 anos e constatar que mesmo no início da carreira muitos dos elementos que hoje são trademark (humor, maneirismos e mesmo talento) já estão ali e que apesar de se notar claramente alguma insegurança em algumas cenas - lembro aqui, uma vez mais, que a maioria das técnicas de filmagem e de representação foram desenvolvidas e testadas para e neste filme. Por exemplo a maioria das cenas live action (que juntam cenas CGI com os actores) foram captadas a preto e branco e posteriormente coloridas com o auxílio de técnicas fotográficas e rotoscópicas.
Estávamos no início dos anos 80, e a tecnologia disponível para a equipa de Liesberger era ainda muito rudimentar e os computadores a que tinham acesso só produziam imagens estáticas, não tendo ainda a capacidade de sozinhos produzirem sequências de frames com movimento, por isso, as coordenadas do posicionamento de cada frame animado por computador tiveram de ser introduzidas manualmente (600 frames/4 segundos, o filme tem cerca de 20 minutos deste tipo de animação), aumentando exponencialmente os custos da pós-produção e atrasando a estreia do filme vários meses.
Esta produção marcou a indústria do cinema porque, tanto as audiências como os produtores viram que se podia fazer um filme com apenas computadores e que com a tecnologia apropriada podiam atingir resultados impossíveis de conseguir com as convencionais câmaras de filmar e filme de celulóide, abrindo novas portas e novos caminhos para argumentos que de outra forma teriam de ficar na gaveta ou ter apenas adaptações medíocres sem os efeitos realmente merecidos.
O design de TRON ficou a cargo de três designers conceituados, destacando-se dois; o francês Jean Giraud (mais conhecido por Moebius), que ficou encarregue da maior parte dos cenários e dos fatos e Sid Mead, ficou encarregue do design de todos os veículos do filme (foi também o responsável pela maior parte do design por detrás de Blade Runner). Mesmo trinta anos volvidos, muitas das cenas saídas das cabeças criativas de TRON, continuam a inspirar gerações de realizadores, argumentistas e designers.
O quase estreante Steven Liesberger surpreendeu tudo e todos com TRON e deixou certamente a sua marca na história do cinema, como o percursor de filmes animados e retocados por computador, e o programa MAGI - que retocou/realizou/ajudou a concretizar a maioria das cenas CGI – o génio electrónico que originou os programas utilizados pelos estúdios de cinema um pouco por todo o mundo...
TRON foi nomeado para dois Óscares em 1983 ( Sonografia e Guarda-Roupa) e arrecadou um Saturn Award para o Guarda-Roupa e foi nomeado para os Saturn Awards na categorias de Melhor Filme de Animação e Melhor filme de Ficção-Científica.
Factos Interessantes:
O Código de cores utilizado no filme foi alterado a meio da produção, mas devido aos custos astronómicos de cada cena, nada do que já havia sido filmado foi alterado. No início os programas controlados pelos “Users” (utilizadores) eram amarelos, passando a ser azuis; e os programas controlados pelo MCP eram azuis, passando a vermelhos.
Esse pormenor dificulta um pouco a compreensão de algumas cenas, confundindo um pouco o espectador. (p.e. A coloração original foi mantida na maioria dos programas tanque, e na primeira cena em que o programa CLU aparece, os seus circuitos são amarelos.)
Classificação: 9/10
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