Vi esta rúbrica no cantinho da White_lady e decidi partilhar com todos a minha história com os livros, levando-me a reflectir e a relembrar-me de coisas boas...
Os primeiros livros que me lembro de ler, as edições de capa dura d'"Os Cinco" da Enid Blyton, tinha cerca de 7 anos quando me foram oferecidos pelos meus pais que na altura eram sócios do Círculo de Leitores. Lembro-me perfeitamente do dia em que mos deram: cheguei da escola e tinha no berço do meu irmão (sem irmão lá claro :P ) dois pacotes de plástico transparente de livros... o que eu pulei de tanta felicidade.
O meu favorito e que li incontáveis vezes foi "Os Cinco na Planície Misteriosa".
Acho que pouco tempo mais tarde os meus pais se devem ter arrependido da prenda que me deram, aqui a euzinha usava todos os truques possíveis e imagináveis para ficar a ler na cama o máximo de tempo que conseguia.
Listagem de técnicas de Leitura stealthy que utilizei ao longo dos anos (atenção crianças, aprendam comigo):
- "Só até ao fim do capítulo vá lá"; seguida de "Só até ao fim da página, tá quase."; culminado com pais acampados à porta do quarto "É só mais esta frase, juro!"
- Esperar que pais caíssem no abençoado sonho dos justos e mal ouvia os roncos deles, BAM! Portinha do quarto encostada e luz ligada e ler até cair para o lado ou até os pais verem a luz que passava por baixo da porta e virem tirar a lâmpada do candeeiro da mesinha de cabeceira, pois "Amanhã é dia de escola!"
- A técnica anterior mas adaptada, antes de ir dormir, fanar umas quantas toalhas e antes de ligar a luz para ler, tapar a frinchinha por debaixo da porta. HEHE Regra geral acabava da mesma forma referida em cima, e com o confiscar de lâmpadas.
- Descobri a maravilha das lanternas quando já estava mesmo a sair da primária! Opá lembro-me da minha felicidade só de pensar nas possibilidades! Já não há cá frinchinhas, nem ter que dormir de porta aberta para não dar ideias... O meu bem mais precioso a seguir aos livros d'"Os Cinco" (que eram 7, ainda os tenho guardados como tesouros) e outros poucos que tinha conseguido, era a minha lanterna e o meu stash de pilhas alcalinas. Isto foi tudo muito bonito até ao dia em que fui apanhada em flagrante e se descobriu o porquê de eu comprar pilhas com tanta devoção nas visitas ao Jumbo recém-aberto.
Acho que foi no ciclo que os meus pais desistiram de me fazer adormecer a horas normais... não valia o trabalho. Aqui por casa nunca se nadou muito em dinheiro, por isso era frequentadora assídua da Biblioteca da minha escola e lia um livro por dia. A minha mãe trazia-me livrinhos da Escola em que trabalhava e na qual hoje trabalho eu, tinha eu 11 ou 12 anos e ela trouxe-me um livro que a Ritinha (a Srª que ainda hoje trabalha na biblioteca e é uma fófi) lhe tinha dito que era um sucesso e tinha acabado de chegar à biblioteca... e que livro era esse perguntam vocês?! O "Harry Potter e a Pedra Filosofal", foi amor à primeira linha (de palavra escrita claro :P ), à medida que os livros iam saindo, aí vinha o livro a estrear para as minhas mãozinhas ávidas e só mais tarde é que tive a possibilidade de comprar cópias para mim.
Durante muitos anos, a minha única fonte de livros eram prendas de Natal, a pontual prenda de anos, e as minhas poupanças que na altura das férias eram sempre aplicadas na Bertrand do Maiashopping.Ou então poupava o ano todo e ia um dia à Feira do Livro do Porto (que era no Palácio de Cristal) e tirava a barriga de misérias. Assim comprei os meus livros todos do Tolkien, do Paolini e os da Juliet.
Nos meus anos de Secundário, passava todos os tempos mortos na Biblioteca Municipal da Maia, por entre livros e prateleiras carregadas deles, muito aprendi, muito li, muito escrevi e aproveitei cada segundo da companhia da palavra escrita. Poucos livros conseguia comprar ou cravar à minha mãe, pois o dinheiro sempre foi uma coisa elusiva para nós, nessa altura já a ela se queixava que eu era uma leitora e compradora de livros compulsiva! :P Mal sabia ela o que seria daí a alguns anos...
A grande reviravolta dá-se quando eu começo a trabalhar e a ter o meu dinheiro (isto aconteceu há cerca de três anos), conheci o Book Depository e BAM! Deu-se o descalabro total...agora mãezinha chama-lhe compulsiva! :P
Agora em vez de me tirar lâmpadas, a Senhora minha Mãe ameaça-me com despejo no momento em que os meus livros começarem a "invadir o resto da casa". Claro que ela não imagina que a invasão já começou há uns tempos... Muwahaha, mas shhhh ela nem pode imaginar senão esta pobre Blogger bibliófila terá de ir Bloggar para debaixo de uma qualquer ponte com wi-fi! :P
Tenho a mesma edição dos Cinco! Só 2 ou 3 sºao diferentes porque não consegui arranjar no Círculo, a minha mãe deixou-os passar e devem ter esgotado. :(
ReplyDeleteHarry Potter... *suspira* O primeiro livro é do meu irmão (se bem que acho que já é meu segundo o uso capião) mas fui a primeira a lê-lo. Quer dizer, eu é que pedi o livro e deram-lhe a ele que não lia (e continua sem ler)? Bah! Mas li-o na noite em que ele recebeu, uma noite de Natal há muitos anos... Pedi-lhe emprestado e ele "mas tens de mo dar amanhã" e li-o numa assentada pela noite dentro, o que nunca tinha feito, já que a hora de dormir era sagrada, mas a partir daí foi o descalabro... *olha para as incontáveis noites passadas em branco a ler e regrets nothing!*
Já estás na lista :D
Enid Blyton é uma autora que, normalmente, crianças bibliófilas que hão-de-ser adultos bibliófilos lêm. Eu devorava tudo: era os 5, era os 7, era as gémeas e as aventuras em colégios internos...
ReplyDeleteÉ mesmo!! Acho que a Enid Blyton é mesmo um factor comum e de alarme para qualquer pai! :P
ReplyDeleteÉ que isto da bibliófilia é um vício terrível! :P