Tuesday, 15 March 2011

Bedevilled



Título Original: Kim Bok-nam salinsageonui jeonmal
Ano de Estreia: 2010
Realizador: Yang Chul-Soo
País de Origem: Coreia do Sul

Isolada numa ilha e ocupando o fundo da hierarquia de uma comunidade estanque, Bok-nam, vê na amiga vinda de Seoul a sua última tábua de salvação. Vítima de abusos continuados e desumanos, Bok-nam atinge o limite... uma manhã tenta fugir com a única razão de continuar a aguentar tudo, a sua filha, mas são detidas pelos ilhéus. Agora Bok-nam, toma nas suas mãos a retribuição de tudo quanto sofreu...

“Bedevilled” dividiu críticas e audiências. O principal “culpado” é a estruturação/construção dos personagens. Enquanto uns sentem que os personagens são pouco desenvolvidos, outros vêem essa “superficialidade” como um artifício inteligentemente colocado num filme que pretende ser uma crítica, um apontar de dedo a uma sociedade cada vez mais individualizada e desumana em que é cada um por si. Este filme pretende relembrar a todos, que mesmo vivendo isolados, as nossas acções ou “inacções” podem afectar grandemente as vidas de outros seres humanos.

Mas celeumas à parte, e analisando de forma imparcial, “Bedevilled” é como uma ilusão de óptica podendo ser lido e visto de dois pontos de vista diametralmente opostos: o olhar de Bok-nam, uma mulher abusada, reprimida e com a esperança que a amiga de Seul a possa ajudar a sair do calvário em que vive; e Hae-won uma sociopata que é incapaz de criar ligações com os outros e que independentemente da situação é incapaz de sair do seu casulo para estender a mão e ajudar alguém.


Apesar do tom trágico e “dark”, e apesar dum ambiente claustrofóbico tão bem recriado por Yang Chul-soo, algumas das cenas e tiradas dos personagens conseguem arrancar um sorriso ou uma gargalhada. Mas com o crescendo de tensão, vem também o sentimento de impotência que culmina num momento catártico em que a luz fala mais alto e Bok-nam liberta-se das suas amarras...Toma uma foice nas mãos e distibui redenção por todos quantos a oprimiam e desumanizaram todos os anos que viveu na ilha.

“Bedevilled” é um filme complexo, desconcertante, que aborda temas controversos e que sem recorrer à sempre “fácil psicologia de bolso” coloca a nú alguns dos maiores problemas de uma sociedade egoísta e separatista. Concluindo com o “exorcismo” dos demónios das protagonistas e uma tomada de consciência do público, perfeitamente espelhado em Hae-won.

Nota: O realizador, Yang Chul-soo esteve presente na segunda exibição de “Bedevilled” na 31ª Edição do Fantasporto.

Prémios:
2010 Cannes International Film Festival , International Critic's Week
2010 Puchon International Fantastic Film Festival, Feature
2011 Fantasporto – International Film Festival, Prémio Melhor Actriz para SeongYeong-hie

Classificação: 10/10

Monday, 14 March 2011

Gantz - Perfect Answer


Depois da estreia em Janeiro deste ano da primeira parte da adaptação live-action de Gantz, temos agora a 23 de Abril a estreia da segunda e última parte, entitulada Gantz – The Perfect Answer. E em uníssono com a mega campanha publicitária (com maior impacto na Ásia e EUA), foi divulgado o primeiro trailer e posso dizer que estámos entusiasmados com o resultado final.


Página Oficial (Japonês): http://gantz-movie.com/

Sunday, 13 March 2011

The Lost Thing


Realizador: Andrew Ruhemann, Shaun Tan (argumento)
País de Origem: Australia, Reino Unido
Ano de Estreia: 2010

E no rescaldo da Cerimónia de entrega dos Óscares, fomos buscar a curta que levou para casa uma das tão cobiçadas estatuetas douradas.

A curta foi concretizada depois do livro infantil de Shaun Tan, com o mesmo nome, ter surpreendido pela qualidade das ilustrações, tendo recebido alguns dos prémios mais conceituados do mundo dos livros (Bologna International Book Fair, Menção Honrosa; Aurealis Award e Spectrum Award (EUA)), tendo mesmo uma exposição dos trabalhos originais no Itabashi Art Museum em Tóquio.

Um rapaz encontra uma criatura estranha numa praia, e decide ajudá-la a encontrar um lar num mundo em que todos dão atenção a tudo o resto, a outras coisas que para as crianças não interessam...

“The Lost Thing” é uma curta de Shaun Tan, com cerca de 15 minutos de duração, que aliando uma animação visualmente surpreendente a um argumento bem estruturado, consegue fazer o que muitas longas metragens não são capazes: fazer com que o público faça um exame de consciência e se aperceba tudo o quanto perdeu ao crescer.

Today is the tomorrow you expected yesterday.

A história é extremamente simples, e sem recorrer a muitos artificialismos poéticos ou metafóricos leva o espectador numa viagem pela infância que passou. Lembrando que ao entrar na idade adulta, muitas das portas são fechadas e muitas das coisas que nos fascinaram, encantaram e fizeram sorrir ficaram fechadas do lado fora...

Ficámos a aguardar pelo próximo trabalho de Tan, pois com um trabalho de estreia com esta qualidade só podemos contar com mais surpresas agradáveis...

Classificação: 10/10



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Friday, 4 March 2011

As Múmias do Faraó - As Aventuras de Adèle Blanc-Sec


Título Original: Les Aventures Extraordinaires d'Adèle Blanc-Sec
Realizador: Luc Besson
Ano de Estreia: 2010

Paris, mesmo antes da Primeira Guerra Mundial, no ano de 1912. Enquanto efazia experiências com o alcance dos seus poderes telepáticos, o professor Espérandieu faz chocar um ovo de pterodáctilo com 136 milhões de anos, em exposição no Museu de História Natural de Paris. O pterodáctilo à solta começa logo a causar estragos e a polícia vê-se obrigada a agir.
Adèle Blanc-Sec (Louise Bougoin), uma jornalista, vê-se enredada em toda a confusão mal chega a Paris, do Egipto...

Quando se vê o trailer de “Adèle Blanc-Sec”, não se está minimamente preparado para o que nos espera a partir o momento em que as luzes são desligadas e o projector começa a rolar.

Luc Besson brinda-nos com um retrato pitoresco e energético de uma Paris no virar do século, povoada por personagens ironicamente construídas, muito do estilo dos filmes franceses do género (quem não se lembra dos filmes de Astérix, e os personagens que povoam os seus filmes).

A protagonista desta produção certamente deixaria Lara Croft embaraçada com a classe, energia e imaginação de Adèle Blanc-Sec e sobretudo com o sentido de humor dela. Há já muito tempo que não assistia às gargalhadas colectivas de uma plateia, face às peripécias dos personagens de “Adèle Blanc-Sec”.


Desde os cenários pormenorizados e bem trabalhados, de uma Paris a entrar na modernidade, passando pelo guarda-roupa, sendo tudo bem complementado por um trabalho de actores impecável, e um argumento bem construído com um humor mordaz que a ninguém deixa indiferente.

A única coisa que por vezes falha é a tradução e a legendagem, que devido a muitas tiradas serem brincadeiras com nomes de personagens e lugares franceses bem contextualizados numa cultura francesa, em suma regionalismos e “francesismos”, por vezes um espectador de outra nacionalidade facilmente deixa passar algumas sem se aperceber o potencial cómico. Talvez a introdução de notas da tradução no decorrer do filme, ajudassem a “agarrar” algumas referências e arrancar mais umas quantas gargalhadas e sorrisos.

Resumindo, é mais um argumento fantástico saído das páginas da banda desenhada franco-belga Adèle et la bête de 1976, da autoria e com o traço de Jacques Tardi, e que Luc Besson soube adaptar à grande tela, deixando o público à espera de encontrar Adèle novamente...

Depois da estreia no Fantasporto, as aventuras de Adèle chegarão aos cinemas nacionais já no próximo mês, a 10 de Março de 2011.

Classificação: 9/10


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