Título Original: The Hunger Games
Ano de Estreia: 2012
Sinopse:
Num
futuro pouco distante, a América do Norte colapsou, fragilizada pela
seca, fogo, fome e guerra sendo substituida por Panem, um país dividido
em 12 distritos e no Capitólio. Todos os anos dois jovens representantes
de cada distrito são seleccionados por sorteio para participar nos "The
Hunger Games".
Quando a irmã mais nova de Katniss (
Jennifer Lawrence),
Prim, é seleccionada para representar o seu ditrito, Katniss oferece-se
como voluntária para substituir a irmã. Ela e o seu companheiro Peeta (
Josh Hutcherson) terão agora de encarar adversários bem mais fortes e preparados para os "The Hunger Games".
Comentário:
Fica desde já o aviso da praxe, não vou ser capaz de ser objectiva quanto a este filme, pois os livros que o inspiraram foram sem sombra de dúvida livros que me marcaram de forma indelével e que durante muitos anos irão acompanhar-me.
Parti para este filme com muitas expectativas, altíssimas expectativas, acompanhei passo-a-passo a divulgação sucessiva de imagens, posters, trailers e featurettes. Fiquei sempre com a impressão que os actores que interpretavam Peeta e Gale estavam trocados (não me perguntem porquê mas tinha essa impressão), até que chegou o dia 22 de Março...
Se disser que mal o filme acabou e as luzes do cinema se acenderam estava apaixonada pelo filme, seria mentira, quando as luzes se acenderam fica o sentimento de vazio e depois, muito lentamente, sem que nós nos apercebamos vem uma onda de emoções que me apanhou despercebida e de repente o filme adquire toda uma nova dimensão (dimensão essa que poucos filmes do género são capazes de recriar): dimensão emocional.
The Hunger Games, é um filme exigente que nos leva numa viagem desde a pobreza extrema e fome do Distrito 12 até à exuberância extrema e desmedida do centro nevrálgico de Panem, o Capitólio. E aqui é que reside o sucesso desta adaptação: o realizador, com a ajuda do argumento da própria Suzanne Collins, conseguiram transformar o discurso directo dos livros em linguagem cinematográfica capaz de transmitir a forma voyerista como o Capitólio trata os Hunger Games, do alto da sua arrogância de vencedores de uma guerra há muito combatida e como obriga os restante distritos - que têm mais no que pensar, sendo a sobrevivência mais importante que ver os seus filhos morrerem em directo, com direito a comentários anedóticos e replay e por vezes quando a situação o pede em slow motion para que nenhum dos pormenores escape aos olhos ávidos dos habitantes do Capitólio - vencidos, oprimidos a ver tudo de forma obrigatória!
O elenco foi irrepreensível, sou incapaz de apontar uma única falha ao elenco. Adorei as tidbits que Collins deixou aos leitores da saga, adorei que ela nos desse a conhecer melhor a visão do Haymitch em relação à vida exuberante do Capitólio e à forma desapegada como vivem os Hunger Games. Esse vislumbre humanizou o personagem e ajudou-me, enquanto fã da saga, a materializar melhor os demónios que assombram o mentor do Distrito 12.
Só tenho um ponto a apontar a Gary Ross é o uso e abuso do estilo de "câmara ao ombro" (cujo exemplo clássico é o Blair Witch Project), durante o desenrolar dos jogos é justificável e claramente só ajuda a entrar no estado de espírito dos Tributos, mas em cenas mais calmas como no início do filme, achei que era excessivo, chegando mesmo a causar algum desconforto (lembrei-me muitas vezes dos infames glares na mais recente adaptação de Star Trek ao grande ecrã).
Resumindo e concluindo este meu rant que já vai longo, The Hunger Games é um filme incontornável neste ano de 2012 que se espera recheado de boas surpresas cinematográficas. Não, não é nem será o próximo Twilight pois Katniss tem personalidade para dar e vender...
É daqueles filmes que recomendo que vejam na sala de cinema, para quem já leu os livros e para quem não leu. Um conselho para quem já teve a oportunidade de ler a saga, não entrem na sala à espera de uma adaptação fiel, feita a papel químico, isto porque passar os livros de forma tão directa não iria resultar no silverscreen.
Classificação: 8/10